O texto à seguir é uma manifestação assinada por 150 ministros ordenados da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) e encaminhada à Presidência daquela denominação cristã mediante repercussão causada pelas declarações de um Pastor Sinodal que é também segundo vice-presidente da igreja.
Como lideranças cristãs, nós, ministros e ministras da IECLB, reconhecemos a pluralidade social e a diversidade, inclusive em questões políticas, do povo de Deus. Mediante este simples fato repudiamos a instrumentalização da igreja para fins político-partidários, seja de qual viés político-ideológico for. O fazemos pelos danos que estes podem causar à igreja como corpo. Falar em nome deste corpo exige seriedade e deve ser resultado de uma profunda reflexão anterior. Por essa razão, não podemos concordar em que uma pessoa, ordenada ao ministério eclesiástico ou não, mesmo inserida no Sacerdócio de Cristo, faça uso da palavra como representante deste corpo.
Infelizmente, foi o que aconteceu com a entrevista posterior a visita feita ao ex-presidente Lula pelo P. Inácio Lemke, P. Sinodal do Sínodo Norte Catarinense e 2º P. Vice-Presidente da IECLB. O problema não foi a visita em si, mas as entrevistas e as falas do referido pastor, que, ao invés de levar uma palavra de esperança a partir do Evangelho de Jesus Cristo, sai “cheio de esperança” pelo que ouviu do ex-presidente. É claro que seria possível interpretar isso de diversas formas. No entanto, justamente pelo amplo leque de interpretações, causa dano ao corpo da igreja. A tarefa “profética”, tão presente nas Escrituras e sempre necessária deve apontar e estar sob senhorio de Jesus Cristo, o Senhor da Igreja, de forma que não gere mácula a presença de Cristo enquanto igreja/corpo.
Por essa razão, endossamos aquilo que está no Estatuto do Ministério com Ordenação (EMO) em seu intuito de reger nossas ações dentro do contexto de comunidades, paróquias e sínodos. Sendo assim, o claro e confessado partidarismo e militância política, agravado pela promessa pública de levar a causa política para dentro do corpo da igreja, agride frontalmente ao EMO em seu Art. 44: Em questões político-partidárias, a ministra ou o ministro atuará com o devido resguardo do seu ministério e do seu CAM, sem, entretanto, renegar a tarefa de promover o bem-estar do ser humano à luz do Evangelho. Parágrafo único. As preferências partidárias pessoais da ministra e do ministro não deverão prejudicar o bom relacionamento dos membros da Comunidade, entre si, e a sua convivência com o CAM”. Também o Art. 3º, p. 2º reza: “ ... III - assuma o compromisso expresso de exercer o ministério, mediante: a) observação da base confessional da IECLB, conforme estabelecida em sua Constituição; b) cumprimento dos deveres inerentes ao exercício do respectivo ministério específico, estabelecidos por este estatuto; c) sujeição às normas do documento Doutrina e Ordem da IECLB; d) observação e cumprimento dos demais documentos, que estabelecem a ordem da e na IECLB; ...”; E, de acordo com o que reza o Art 9º do OJD, o P. Inácio Lemke comete as seguintes infrações: “... II - de natureza grave: a) a conduta incompatível com os princípios do evangelho, com a ética cristã, ou com a função que exerce; b) a ofensa à confessionalidade; c) causar divisão e rupturas no seio de comunidades, paróquias, sínodos ou da própria Igreja;
Além disso, nós, enquanto ministras e ministros, estamos sendo constantemente questionados por causa de tal atitude do colega pastor. Há membros ameaçando desligamento das comunidades, outros informando que retirarão suas contribuições, e pessoas de fora do quadro de membros caluniando as nossas comunidades e paróquias. As bases das comunidades estão sentindo o resultado direto que esta atitude irresponsável causou. Como ser uma igreja missionária se uma liderança escolhida e que ocupa o cargo de Pastor Sinodal e 2º Vice-Presidente da IECLB consegue construir uma imagem tão negativa ao assumir uma posição político-partidária militante?
Diante disso, como ministros e ministras da IECLB conclamamos uma resposta da Presidência da Igreja, clara e oficial, para termos respaldo nos questionamentos de membros das Comunidades, mas também da sociedade como um todo.
Ministras e Ministros da IECLB.
1 de ago. de 2018
28 de jan. de 2015
Preocupado com o futuro?
Cada final e início de ano é a mesma coisa: certos personagens típicos, com pose de especialista, às vezes até ridiculamente vestidos, fazem suas previsões de futuro. Apresentam bolas de cristal, búzios, mapas astrais, cartas, leitura das mãos... como se realmente soubessem de alguma coisa! E olha que recebem crédito até de pessoas que afirmam que não é coisa racional crer e adorar a Deus. No entanto, são capazes de acreditar que seu futuro esteja escrito em algo como cartas de baralho ou outra coisa semelhante.
Numa hora dessas, como cristãos, precisamos é mudar de canal, deixando de dar audiência a esse tipo de apresentação. Afinal, temos motivos de sobra para não dar crédito a tais prognosticadores. Vejam só: o mundo não acabou em 2.000, como disseram que Nostradamus teria previsto; o Walter Mercado (aquele do “ligue já”!) é um caso de polícia na Europa; a Mãe Dinah tomou o maior vexame fazendo uma votação ridícula como postulante à deputada federal (será que, se fosse capaz de adivinhar algo, teria dado esse vexame?).
Algumas pessoas parecem ter uma premente necessidade de saber o futuro, uma ânsia de saciar os desejos de seu vaidoso coração. Como serão seus casos de amor? Seus negócios prosperarão? Que direção dar àquela decisão que precisa ser tomada? A viagem pretendida será bem sucedida? Em que dia devo iniciar a construção do prédio planejado? Enfim, são muitas perguntas e planos. São incautos os que se dirigem aos videntes de plantão em busca de respostas a essas e outras tantas perguntas. Esse tipo de atitude constitui verdadeira armadilha destinada a tomar o dinheiro de quem confia em enganadores profissionais, que não têm a mínima consideração em brincar com os sonhos e sentimentos das pessoas.
E, reparem só, muitos artistas de fama nacional submetem-se, em rede nacional, a verem seu destino e sua sorte serem traçados pelos mais variados métodos, inclusive visões ou jogo de búzios. Na realidade, isso só serve para animar os fãs desses artistas a procurarem tais videntes, dessa forma alimentando uma indústria do engodo. No meio disso tudo, de tanta previsão, é claro que alguma coisa, por pura coincidência, acaba se concretizando!
Como cristãos, não podemos e não devemos ser céticos, ou seja, não acreditar em nada. Entretanto, aquilo em que cremos precisa ter o fundamento sólido da palavra de Deus. Jesus nos ensinou a colocar o alicerce de nossa vida no fundamento da rocha, que é ele mesmo e sua doutrina (Mateus 7.24-27). Só assim nosso coração será satisfeito sem atentar contra a nossa fé em Cristo ou contra a razão.
Numa hora dessas, como cristãos, precisamos é mudar de canal, deixando de dar audiência a esse tipo de apresentação. Afinal, temos motivos de sobra para não dar crédito a tais prognosticadores. Vejam só: o mundo não acabou em 2.000, como disseram que Nostradamus teria previsto; o Walter Mercado (aquele do “ligue já”!) é um caso de polícia na Europa; a Mãe Dinah tomou o maior vexame fazendo uma votação ridícula como postulante à deputada federal (será que, se fosse capaz de adivinhar algo, teria dado esse vexame?).
Algumas pessoas parecem ter uma premente necessidade de saber o futuro, uma ânsia de saciar os desejos de seu vaidoso coração. Como serão seus casos de amor? Seus negócios prosperarão? Que direção dar àquela decisão que precisa ser tomada? A viagem pretendida será bem sucedida? Em que dia devo iniciar a construção do prédio planejado? Enfim, são muitas perguntas e planos. São incautos os que se dirigem aos videntes de plantão em busca de respostas a essas e outras tantas perguntas. Esse tipo de atitude constitui verdadeira armadilha destinada a tomar o dinheiro de quem confia em enganadores profissionais, que não têm a mínima consideração em brincar com os sonhos e sentimentos das pessoas.
E, reparem só, muitos artistas de fama nacional submetem-se, em rede nacional, a verem seu destino e sua sorte serem traçados pelos mais variados métodos, inclusive visões ou jogo de búzios. Na realidade, isso só serve para animar os fãs desses artistas a procurarem tais videntes, dessa forma alimentando uma indústria do engodo. No meio disso tudo, de tanta previsão, é claro que alguma coisa, por pura coincidência, acaba se concretizando!
Como cristãos, não podemos e não devemos ser céticos, ou seja, não acreditar em nada. Entretanto, aquilo em que cremos precisa ter o fundamento sólido da palavra de Deus. Jesus nos ensinou a colocar o alicerce de nossa vida no fundamento da rocha, que é ele mesmo e sua doutrina (Mateus 7.24-27). Só assim nosso coração será satisfeito sem atentar contra a nossa fé em Cristo ou contra a razão.
Celio Hoegen
16 de dez. de 2014
“Do contemplar ao Servir: em busca do sentido do Natal”
Um milionário solitário resolve alugar uma família para o Natal. Preço do aluguel: U$ 250.000. Esse é o enredo do filme “Sobrevivendo ao Natal”. Por que ele fez isso? Para poder sentir-se acolhido na noite de Natal. Parece estranho, não é? Mas, a verdade é que essa comédia acaba revelando a solidão enfrentada por tantas pessoas na vida real. E isso se intensifica nessa época natalina, acabando por encobrir seu real significado. As pessoas se ocupam com faxinas e decorações, envolvem-se em correrias para lojas superlotadas e para supermercados com muitas filas, correm atrás de pisca-piscas, mas isso só contrasta com a vinda do Salvador, que chegou na simplicidade e na sujeira de uma estrebaria, na escuridão da noite.
Lucas nos conta (Lc 2.8-19) o que aconteceu logo depois do nascimento de Cristo. Um anjo visita alguns pastores que acampavam com suas ovelhas perto de Belém. No frio silencioso daquela madrugada, esse anjo anuncia o nascimento do Salvador, o Cristo (v. 11). Que interessante! Os primeiros a ouvir sobre o nascimento do Salvador foram pastores de ovelhas, considerados naquela época a classe mais desprezível da sociedade. Ao ouvirem a boa notícia dos anjos, eles em seguida deixam seus rebanhos e vão procurar Jesus, que ainda se encontrava na estrebaria, envolto em panos e deitado na manjedoura (v. 12, 15 e 16). Com certeza, encontrar o Salvador da humanidade foi comprovação visível das palavras do anjo. Dá até para imaginar os joelhos dobrados, o louvor, a adoração que tomaram conta daquele humilde local.
Mas a história não termina com esta cena. A manjedoura não era local de peregrinação. O texto nos conta que depois de o verem, contaram a todos o que lhes fora dito a respeito do menino e todos os que ouviram o que os pastores diziam ficaram admirados (v. 17-18). O encontro com o Salvador levou os pastores ao encontro de outras pessoas. Olhar para o menino Jesus os levou a olhar para fora da estrebaria. A contemplação resultou em serviço, a fim de que outras pessoas também tomassem conhecimento do nascimento do Salvador.
No Natal celebramos a vinda de Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, a este mundo. Mais tarde, mediante sua morte e ressurreição, ele haveria de vencer a morte e o inferno a favor de todos os que nele cressem. Essa mensagem não pode ficar presa entre as quatro paredes de nossas igrejas. Pelo contrário, somos chamados a proclamar a mensagem do reino de Deus em nossas famílias, circulo de amizades, ambiente de trabalho, e assim por diante.
Quantos lares irão passar o Natal como se fosse outro dia qualquer? Quantas serão as pessoas carentes de acolhimento, de sentido para a vida? Quantos serão os lares em que o Natal é uma mera celebração cultural?
O verdadeiro Natal está em Cristo, que assumiu a maldição do pecado em nosso lugar. Assim afirma o apóstolo Paulo: Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus (2 Co 5.21). Na manjedoura do pobre menino já se vislumbra a cruz, que é onde encontramos a reconciliação com Deus, com o próximo e com a criação. Este é o presente de Natal que o mundo precisa conhecer e receber.
Lutero anima os cristãos ao serviço: “Quando tens a Cristo como fundamento e bem maior da tua felicidade, segue outro ponto: que o tomes como exemplo e também te ofereças para servir ao teu próximo, assim como vês que ele se ofereceu por ti” (“O que procurar nos evangelhos”, de 1522).
Que seu Natal seja celebrado em família, em confraternização. E que, a partir do encontro com Cristo, sua vida se torne repleta de proclamação dessa boa nova e de serviço ao próximo. Afinal de contas, o preço que custou a obra salvífica de Cristo foi muito maior do que os U$ 250.000 pagos pelo personagem milionário para ter uma ilusão de acolhimento. O preço que Deus pagou foi o da vida do seu filho único, por amor de toda a humanidade.
Que Deus lhe abençoe neste Natal. Que você tenha um feliz Natal!
Lucas nos conta (Lc 2.8-19) o que aconteceu logo depois do nascimento de Cristo. Um anjo visita alguns pastores que acampavam com suas ovelhas perto de Belém. No frio silencioso daquela madrugada, esse anjo anuncia o nascimento do Salvador, o Cristo (v. 11). Que interessante! Os primeiros a ouvir sobre o nascimento do Salvador foram pastores de ovelhas, considerados naquela época a classe mais desprezível da sociedade. Ao ouvirem a boa notícia dos anjos, eles em seguida deixam seus rebanhos e vão procurar Jesus, que ainda se encontrava na estrebaria, envolto em panos e deitado na manjedoura (v. 12, 15 e 16). Com certeza, encontrar o Salvador da humanidade foi comprovação visível das palavras do anjo. Dá até para imaginar os joelhos dobrados, o louvor, a adoração que tomaram conta daquele humilde local.
Mas a história não termina com esta cena. A manjedoura não era local de peregrinação. O texto nos conta que depois de o verem, contaram a todos o que lhes fora dito a respeito do menino e todos os que ouviram o que os pastores diziam ficaram admirados (v. 17-18). O encontro com o Salvador levou os pastores ao encontro de outras pessoas. Olhar para o menino Jesus os levou a olhar para fora da estrebaria. A contemplação resultou em serviço, a fim de que outras pessoas também tomassem conhecimento do nascimento do Salvador.
No Natal celebramos a vinda de Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, a este mundo. Mais tarde, mediante sua morte e ressurreição, ele haveria de vencer a morte e o inferno a favor de todos os que nele cressem. Essa mensagem não pode ficar presa entre as quatro paredes de nossas igrejas. Pelo contrário, somos chamados a proclamar a mensagem do reino de Deus em nossas famílias, circulo de amizades, ambiente de trabalho, e assim por diante.
Quantos lares irão passar o Natal como se fosse outro dia qualquer? Quantas serão as pessoas carentes de acolhimento, de sentido para a vida? Quantos serão os lares em que o Natal é uma mera celebração cultural?
O verdadeiro Natal está em Cristo, que assumiu a maldição do pecado em nosso lugar. Assim afirma o apóstolo Paulo: Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus (2 Co 5.21). Na manjedoura do pobre menino já se vislumbra a cruz, que é onde encontramos a reconciliação com Deus, com o próximo e com a criação. Este é o presente de Natal que o mundo precisa conhecer e receber.
Lutero anima os cristãos ao serviço: “Quando tens a Cristo como fundamento e bem maior da tua felicidade, segue outro ponto: que o tomes como exemplo e também te ofereças para servir ao teu próximo, assim como vês que ele se ofereceu por ti” (“O que procurar nos evangelhos”, de 1522).
Que seu Natal seja celebrado em família, em confraternização. E que, a partir do encontro com Cristo, sua vida se torne repleta de proclamação dessa boa nova e de serviço ao próximo. Afinal de contas, o preço que custou a obra salvífica de Cristo foi muito maior do que os U$ 250.000 pagos pelo personagem milionário para ter uma ilusão de acolhimento. O preço que Deus pagou foi o da vida do seu filho único, por amor de toda a humanidade.
Que Deus lhe abençoe neste Natal. Que você tenha um feliz Natal!
André Felipe Voge
São Bento do Sul
andre-vogel@hotmail.com
4 de dez. de 2014
A reconciliação passa pelo perdão
Francisco é dono de uma empresa. Ele convida um amigo de confiança, o Wilson, para ajudá-lo. Francisco assume a responsabilidade pela produção, e Wilson pelas compras e vendas. Com o passar do tempo, sem que Francisco fique sabendo, Wilson começa a usar recursos da empresa em benefício próprio. Os desvios chegam a tal proporção que a empresa foi à falência. Com inúmeros credores fazendo pressão para receber seu dinheiro, Francisco acabou indo para a prisão. A família, a muito custo, foi se desfazendo de todos os bens, para que, juntamente com Francisco, pudessem recomeçar a vida. Haviam perdido a confortável casa, os filhos não puderam freqüentar boas escolas, muito menos a faculdade. Isso sem contar a dor da humilhação e da decepção. Feridas muito profundas foram causadas pela irresponsabilidade do Wilson, o amigo de confiança!
Esta história é fictícia, mas não inverossímil. Ela levanta a pergunta: é possível perdoar um amigo que lesou não apenas a honra do outro, mas o conforto doméstico, a formação, a segurança e o futuro dos filhos do amigo? Lembremos que perdoar não é esquecer (isto seria amnésia); nem restituir completamente a confiança (isto seria insanidade); nem deixar de reconhecer o erro de outro (pois isto significaria cumplicidade). Num caso como esse, seria possível haver novamente paz entre estes amigos? É possível reconciliar? Sim, é possível. Ensinamos, a partir da sabedoria bíblica, que o ser humano reconciliado com Deus também busca a reconciliação com o próximo. Vejamos como isto acontece.
A palavra reconciliação significa o restabelecimento de acordo, ou paz, entre dois indivíduos quem viviam numa relação de hostilidade, inimizade. A Bíblia relata que houve uma ruptura entre Deus e a humanidade no Jardim do Éden (Gênesis 3), quando Adão e Eva se rebelaram contra Deus. Porém, a Bíblia afirma que Deus nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo (2Coríntios 5.18). A sabedoria bíblica, então, nos lembra que Deus deu o primeiro passo em direção ao ser humano a fim de que a rebeldia deste contra o próprio Deus fosse eliminada. Em Cristo, Deus nos reconciliou consigo mesmo. Agora temos paz com Deus (Romanos 5.1).
O perdão recebido de Deus tem conseqüências concretas nas relações com o próximo. A reconciliação com o próximo é fruto da reconciliação de Deus conosco. Foi isto que Jesus ensinou quando, no “Pai-nosso”, instruiu seus seguidores a pedirem: E perdoa as nossas dívidas assim como perdoamos nossos devedores (Mateus 6.12). O perdão é a porta aberta por Deus para a reconciliação com o próximo.
Concluo lembrando um pequeno texto escrito por Mary Karen Read em seu diário, antes de ser assassinada por um atirador no dia 16 de abril de 2007, junto com mais 30 colegas, professores e funcionários de uma escola no estado da Virgínia/EUA: Quando feridas profundas são feitas contra nós, nunca nos curamos até que perdoamos. O perdão não muda o passado, mas o perdão amplia o futuro.
Esta história é fictícia, mas não inverossímil. Ela levanta a pergunta: é possível perdoar um amigo que lesou não apenas a honra do outro, mas o conforto doméstico, a formação, a segurança e o futuro dos filhos do amigo? Lembremos que perdoar não é esquecer (isto seria amnésia); nem restituir completamente a confiança (isto seria insanidade); nem deixar de reconhecer o erro de outro (pois isto significaria cumplicidade). Num caso como esse, seria possível haver novamente paz entre estes amigos? É possível reconciliar? Sim, é possível. Ensinamos, a partir da sabedoria bíblica, que o ser humano reconciliado com Deus também busca a reconciliação com o próximo. Vejamos como isto acontece.
A palavra reconciliação significa o restabelecimento de acordo, ou paz, entre dois indivíduos quem viviam numa relação de hostilidade, inimizade. A Bíblia relata que houve uma ruptura entre Deus e a humanidade no Jardim do Éden (Gênesis 3), quando Adão e Eva se rebelaram contra Deus. Porém, a Bíblia afirma que Deus nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo (2Coríntios 5.18). A sabedoria bíblica, então, nos lembra que Deus deu o primeiro passo em direção ao ser humano a fim de que a rebeldia deste contra o próprio Deus fosse eliminada. Em Cristo, Deus nos reconciliou consigo mesmo. Agora temos paz com Deus (Romanos 5.1).
O perdão recebido de Deus tem conseqüências concretas nas relações com o próximo. A reconciliação com o próximo é fruto da reconciliação de Deus conosco. Foi isto que Jesus ensinou quando, no “Pai-nosso”, instruiu seus seguidores a pedirem: E perdoa as nossas dívidas assim como perdoamos nossos devedores (Mateus 6.12). O perdão é a porta aberta por Deus para a reconciliação com o próximo.
Concluo lembrando um pequeno texto escrito por Mary Karen Read em seu diário, antes de ser assassinada por um atirador no dia 16 de abril de 2007, junto com mais 30 colegas, professores e funcionários de uma escola no estado da Virgínia/EUA: Quando feridas profundas são feitas contra nós, nunca nos curamos até que perdoamos. O perdão não muda o passado, mas o perdão amplia o futuro.
P. Joel Schlemper – São José/SC
joelschlemper@gmail.com
20 de nov. de 2014
Ser sal e luz é o caminho na política
Você já foi ou pensa em ser candidato a algum cargo eletivo? É. Isto mesmo. Ser candidato a vereador, prefeito, deputado, senador, governador ou presidente? Você já pensou nisto? Estás louco!... Você pode estar pensando. Isto não é coisa para gente séria!
Pois é, infelizmente este é o conceito de muita gente. De que política não é coisa para gente séria. O que esperar dos nossos governantes se é este, muitas vezes, o conceito que temos?
Nas últimas eleições me chamaram a atenção dois fatos: a apatia e o desrespeito dos eleitores.
A apatia no sentido de não querer participar, não querer conhecer, não querer entender, não querer diferenciar. Fico me perguntando: como vou escolher consistentemente os meus representantes nos poderes legislativo e executivo, nas esferas nacional e estadual, sem me envolver com o processo?
Parece-me que muitos perderam a consciência de que no Brasil é o povo que elege os seus governantes. A Constituição afirma, em seu capítulo primeiro, que “todo o poder emana do povo”. Estamos exercendo esta oportunidade?
A apatia foi tanta que não existia muito clima para falar de eleição e pedir voto. Reuniões foram muito esvaziadas; comícios foram raros. Entendo... O conceito de muitos foi que os políticos “são tudo igual”, “tudo farinha do mesmo saco”, “são tudo corrupto”, “estou desacreditado da política”... e assim por diante.
Entendo... mas pergunto: Estes sentimentos ajudam a termos políticos dignos da nossa representação? O desrespeito no sentido de não conseguir dialogar com o diferente e com as diferenças também apareceu muito forte. Ele ficou bem evidenciado no segundo turno da eleição presidencial e no pós-eleição. Chegou-se a expor sentimentos de preconceito e de ódio surpreendentes, especialmente nas redes sociais.
Não preciso relembrar o que lemos, vimos e ouvimos durante o processo. Quero reforçar, aqui, que não falo do comportamento dos candidatos, apesar deles também terem sua parcela de responsabilidade sobre o processo. Estou falando de nós, eleitores, cidadãos comuns, de onde emergem os políticos e governantes.
Nós, cristãos luteranos, acreditamos que “somos sal da terra e luz do mundo”. Sal para dar sabor (ser um tempero) ou para matar? Luz para mostrar o caminho ou para cegar? Acredito que seja para dar sabor e para mostrar o caminho.
Para sermos sal e luz na sociedade precisamos nos envolver na política. Posicionando-nos consistentemente frente à complexidade social e política é um bom começo. Na atualidade, especialmente com o advindo das redes sociais, com uma quantidade enorme de informações a ser processadas, muitas vezes ficamos na superficialidade.
Ser sal e luz na dose certa é o desafio. Envolvendo-nos, de forma consistente e respeitosa, possibilitaremos que pessoas de bem estejam dispostas a exercer cargos públicos. Semear palavras de tolerância, amar ao próximo, não julgando suas práticas e escolhas (pois cabe somente a Deus julgar), mas acolhendo-o em nossas comunidades e mostrando o caminho do Evangelho.
Apatia e desrespeito com a política e os políticos fortalecerão exatamente aquilo que não queremos: o político interesseiro e corrupto.
Quero ver pessoas de bem se envolvendo na política, inclusive sendo candidatos vitoriosos, exercendo os cargos eletivos. Se quisermos uma sociedade mais justa e solidária precisamos começar por cada um de nós.
Pois é, infelizmente este é o conceito de muita gente. De que política não é coisa para gente séria. O que esperar dos nossos governantes se é este, muitas vezes, o conceito que temos?
Nas últimas eleições me chamaram a atenção dois fatos: a apatia e o desrespeito dos eleitores.
A apatia no sentido de não querer participar, não querer conhecer, não querer entender, não querer diferenciar. Fico me perguntando: como vou escolher consistentemente os meus representantes nos poderes legislativo e executivo, nas esferas nacional e estadual, sem me envolver com o processo?
Parece-me que muitos perderam a consciência de que no Brasil é o povo que elege os seus governantes. A Constituição afirma, em seu capítulo primeiro, que “todo o poder emana do povo”. Estamos exercendo esta oportunidade?
A apatia foi tanta que não existia muito clima para falar de eleição e pedir voto. Reuniões foram muito esvaziadas; comícios foram raros. Entendo... O conceito de muitos foi que os políticos “são tudo igual”, “tudo farinha do mesmo saco”, “são tudo corrupto”, “estou desacreditado da política”... e assim por diante.
Entendo... mas pergunto: Estes sentimentos ajudam a termos políticos dignos da nossa representação? O desrespeito no sentido de não conseguir dialogar com o diferente e com as diferenças também apareceu muito forte. Ele ficou bem evidenciado no segundo turno da eleição presidencial e no pós-eleição. Chegou-se a expor sentimentos de preconceito e de ódio surpreendentes, especialmente nas redes sociais.
Não preciso relembrar o que lemos, vimos e ouvimos durante o processo. Quero reforçar, aqui, que não falo do comportamento dos candidatos, apesar deles também terem sua parcela de responsabilidade sobre o processo. Estou falando de nós, eleitores, cidadãos comuns, de onde emergem os políticos e governantes.
Nós, cristãos luteranos, acreditamos que “somos sal da terra e luz do mundo”. Sal para dar sabor (ser um tempero) ou para matar? Luz para mostrar o caminho ou para cegar? Acredito que seja para dar sabor e para mostrar o caminho.
Para sermos sal e luz na sociedade precisamos nos envolver na política. Posicionando-nos consistentemente frente à complexidade social e política é um bom começo. Na atualidade, especialmente com o advindo das redes sociais, com uma quantidade enorme de informações a ser processadas, muitas vezes ficamos na superficialidade.
Ser sal e luz na dose certa é o desafio. Envolvendo-nos, de forma consistente e respeitosa, possibilitaremos que pessoas de bem estejam dispostas a exercer cargos públicos. Semear palavras de tolerância, amar ao próximo, não julgando suas práticas e escolhas (pois cabe somente a Deus julgar), mas acolhendo-o em nossas comunidades e mostrando o caminho do Evangelho.
Apatia e desrespeito com a política e os políticos fortalecerão exatamente aquilo que não queremos: o político interesseiro e corrupto.
Quero ver pessoas de bem se envolvendo na política, inclusive sendo candidatos vitoriosos, exercendo os cargos eletivos. Se quisermos uma sociedade mais justa e solidária precisamos começar por cada um de nós.
Glauco Lindner
Lontras - SC
Lontras - SC
10 de nov. de 2014
Nossa Cidadania
Nos últimos meses o nosso país viveu mais um processo eleitoral. Como cidadãos brasileiros, fomos chamados a escolher nossos representantes políticos. O debate sobre quem seriam os melhores candidatos tomou conta das conversas, também nas redes sociais. Agora, já sabemos quem irá governar o nosso estado e país pelos próximos quatro anos.
Porém, nosso compromisso não para por aí. Independente se os candidatos que apoiamos foram eleitos ou não, como cristãos somos desafiados por Deus a buscar o bem do lugar onde vivemos: Trabalhem para o bem da cidade para onde eu os mandei... Orem a mim, pedindo em favor dela, pois, se ela estiver bem, vocês também estarão. (Jeremias 29.7 – NTLH).
Porém, nosso compromisso não para por aí. Independente se os candidatos que apoiamos foram eleitos ou não, como cristãos somos desafiados por Deus a buscar o bem do lugar onde vivemos: Trabalhem para o bem da cidade para onde eu os mandei... Orem a mim, pedindo em favor dela, pois, se ela estiver bem, vocês também estarão. (Jeremias 29.7 – NTLH).
Encontramos dois desafios práticos nesta palavra. O primeiro é trabalhar para o bem da cidade. Através de Jeremias Deus detalhou de maneira concreta como isso deveria ser feito: significa ter um estilo de vida honesto, justo e digno, valorizar e zelar pela família; entender o nosso trabalho não apenas como um meio de ganhar dinheiro, mas também de servir a sociedade. Significa também envolver-se em iniciativas e trabalhos sociais que busquem melhorar a qualidade de vida da população. O engajamento político também pode ser útil e importante de contribuir para o bem do meio onde vivemos. Porém, devemos empenhar-nos orientados pelos ensinos bíblicos. Não se pode entender a participação política como meio para alcançar benefícios pessoais ou de um grupo específico, nem aderir à cultura que espera que tudo vá de mal a pior, se o meu candidato não ganhar as eleições. Não podemos concordar com esse pensamento, pois ele prejudica o povo todo.
Outro aspecto é a oração em favor da cidade. O apóstolo Paulo ensina: Orem pelos reis e por todos os outros que têm autoridade, para que possamos viver uma vida calma e pacífica, com dedicação a Deus e respeito aos outros. Isso é bom, e Deus, o nosso Salvador, gosta disso. (1Timóteo 2.1-3 NVI). Nossa tarefa é, pois, orar pelos governantes para que sejam justos e honestos e governem para o bem de todos, para que não se deixam dominar pelo poder e ganância e tornem-se negligentes para com suas responsabilidades. A população sofre quando as autoridades não cumprem a sua tarefa e nós, cristãos, também não cumprimos a nossa. Achamos mais fácil confiar numa pessoa que se apresente como salvadora da pátria do que no poder da oração.
Quando ambos, cristãos e governantes, cumprem o seu papel na sociedade o resultado pode ser diferente. Paulo nos chama a orar para que tenhamos uma vida tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade, pois essa é a vontade de Deus.
Joelson Erbert Martins – São José - SC
martaejoelson@oi.com.br
6 de nov. de 2014
Porque não comemoramos o dia das bruxas
Edição especial 03 – Os quatro pilares da reforma
No dia 31 de outubro comemoramos os 497 da Reforma Protestante. Logo chegarão as celebrações dos 500 anos. Inegavelmente, a Reforma foi um dos grandes acontecimentos na cultura ocidental. Sua contribuição para a teologia, política, economia e educação mudou profundamente o pensamento de milhões de pessoas. Lutero nunca imaginou que o ato de pregar as 95 teses na porta da igreja do castelo de Wittemberg, em1517, seria a mola propulsora de grandes e profundas mudanças no curso da história.
Podemos resumir a Reforma iniciada por Lutero em quatro pilares que expressam os fundamentos teológicos que sustentam seu pensamento e nos ajudam na vivência evangélica e bíblica:
1) Solus Christus – Somente Cristo: Como herdeiros da Reforma, fundamentamos a nossa espiritualidade e teologia na centralidade da pessoa de Cristo. Confessamos que somente Cristo salva, somente Cristo perdoa, somente Cristo é o mediador entre Deus e os seres humanos. Jesus Cristo não é "mais um" no panteão religioso. Ele é único e a sua morte na cruz e sua ressurreição são suficientes para completar a nossa redenção. Lutero não inventou essa centralidade de Cristo, pelo contrário, ele a resgatou das Sagradas Escrituras que declaram: E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos (Atos 4.12).
2) Sola Gratia – Somente a Graça: Cristo é o único Senhor e Salvador e as Escrituras atestam essa verdade. Da mesma forma, a Bíblia afiança que não podemos alcançar a salvação pelas nossas obras meritórias. Ou seja, não podemos conquistar o favor de Deus por praticarmos coisas boas e sermos honestos, íntegros e participamos da igreja. É Deus quem vem ao nosso encontro. Ele nos amou primeiro e tomou iniciativa para nos alcançar. Somos libertos da idéia de que nós somos os agentes da salvação e que podemos merecer o amor de Deus pelas nossas atitudes. Deus ama a todos indistintamente. Quem se deixa alcançar por este amor pode viver em plena liberdade para amar e perdoar. Numa sociedade em que tudo é comprado, conquistado pelo esforço e mérito próprio, a mensagem de um Deus que nos aceita e nos ama graciosamente é loucura quase incompreensível. Em Efésios 2.8-9 podemos ler: Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.
3) Sola Fide – Somente a Fé: Esta nova realidade gerada por sermos salvos somente por Cristo e não pelo que fazemos de bom só é experimentada pela fé. A fé não é um sentimento vago, mas a certeza de que aquilo que os nossos olhos não enxergam é real e verdadeiro (Hebreus 11.1). A fé acolhe a graça de Deus e por meio dela vivemos em um relacionamento vivo com Deus. Lutero nos lembra que pela fé vivemos uma dimensão espiritual que não pode ser gerada pelos nossos esforços. Ela é um dom de Deus. O apóstolo Paulo afirma: Porque não me envergonho do Evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: O justo viverá da fé (Romanos 1.16-17.).
4) Sola Scriptura – Somente a Escritura: Segundo Lutero, o maior tesouro da Igreja é o Evangelho de Jesus Cristo revelado nas Escrituras. Nenhuma tradição, concílio ou qualquer convenção humana pode estar acima das Escrituras ou ao lado dela. A palavra de Deus tem primazia e ela é fonte de todo crescimento espiritual. Ela revela a vontade de Deus e nada pode ser ensinado na Igreja que contrarie essa vontade. As Sagradas Escrituras têm autoridade sobre qualquer assunto de fé e obediência. Com a ajuda do Espírito Santo e tendo como chave hermenêutica a pessoa de Cristo, a herança da Reforma nos compromete a sermos Igreja da Palavra.
Esses quatro fundamentos continuam atuais e em grande medida tornam-se crivos para não adotarmos qualquer ensinamento que contrarie o verdadeiro e puro Evangelho de Jesus Cristo. Lembre-se: ser cristão luterano não é ser um seguidor de Lutero, mas um discípulo de Cristo que tem Nele seu único Senhor e Salvador, que entendeu que somos o que somos pela graça divina, que vive pela fé e se alimenta diariamente da Palavra de Deus.
No dia 31 de outubro comemoramos os 497 da Reforma Protestante. Logo chegarão as celebrações dos 500 anos. Inegavelmente, a Reforma foi um dos grandes acontecimentos na cultura ocidental. Sua contribuição para a teologia, política, economia e educação mudou profundamente o pensamento de milhões de pessoas. Lutero nunca imaginou que o ato de pregar as 95 teses na porta da igreja do castelo de Wittemberg, em1517, seria a mola propulsora de grandes e profundas mudanças no curso da história.
Podemos resumir a Reforma iniciada por Lutero em quatro pilares que expressam os fundamentos teológicos que sustentam seu pensamento e nos ajudam na vivência evangélica e bíblica:
1) Solus Christus – Somente Cristo: Como herdeiros da Reforma, fundamentamos a nossa espiritualidade e teologia na centralidade da pessoa de Cristo. Confessamos que somente Cristo salva, somente Cristo perdoa, somente Cristo é o mediador entre Deus e os seres humanos. Jesus Cristo não é "mais um" no panteão religioso. Ele é único e a sua morte na cruz e sua ressurreição são suficientes para completar a nossa redenção. Lutero não inventou essa centralidade de Cristo, pelo contrário, ele a resgatou das Sagradas Escrituras que declaram: E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos (Atos 4.12).
2) Sola Gratia – Somente a Graça: Cristo é o único Senhor e Salvador e as Escrituras atestam essa verdade. Da mesma forma, a Bíblia afiança que não podemos alcançar a salvação pelas nossas obras meritórias. Ou seja, não podemos conquistar o favor de Deus por praticarmos coisas boas e sermos honestos, íntegros e participamos da igreja. É Deus quem vem ao nosso encontro. Ele nos amou primeiro e tomou iniciativa para nos alcançar. Somos libertos da idéia de que nós somos os agentes da salvação e que podemos merecer o amor de Deus pelas nossas atitudes. Deus ama a todos indistintamente. Quem se deixa alcançar por este amor pode viver em plena liberdade para amar e perdoar. Numa sociedade em que tudo é comprado, conquistado pelo esforço e mérito próprio, a mensagem de um Deus que nos aceita e nos ama graciosamente é loucura quase incompreensível. Em Efésios 2.8-9 podemos ler: Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.
3) Sola Fide – Somente a Fé: Esta nova realidade gerada por sermos salvos somente por Cristo e não pelo que fazemos de bom só é experimentada pela fé. A fé não é um sentimento vago, mas a certeza de que aquilo que os nossos olhos não enxergam é real e verdadeiro (Hebreus 11.1). A fé acolhe a graça de Deus e por meio dela vivemos em um relacionamento vivo com Deus. Lutero nos lembra que pela fé vivemos uma dimensão espiritual que não pode ser gerada pelos nossos esforços. Ela é um dom de Deus. O apóstolo Paulo afirma: Porque não me envergonho do Evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: O justo viverá da fé (Romanos 1.16-17.).
4) Sola Scriptura – Somente a Escritura: Segundo Lutero, o maior tesouro da Igreja é o Evangelho de Jesus Cristo revelado nas Escrituras. Nenhuma tradição, concílio ou qualquer convenção humana pode estar acima das Escrituras ou ao lado dela. A palavra de Deus tem primazia e ela é fonte de todo crescimento espiritual. Ela revela a vontade de Deus e nada pode ser ensinado na Igreja que contrarie essa vontade. As Sagradas Escrituras têm autoridade sobre qualquer assunto de fé e obediência. Com a ajuda do Espírito Santo e tendo como chave hermenêutica a pessoa de Cristo, a herança da Reforma nos compromete a sermos Igreja da Palavra.
Esses quatro fundamentos continuam atuais e em grande medida tornam-se crivos para não adotarmos qualquer ensinamento que contrarie o verdadeiro e puro Evangelho de Jesus Cristo. Lembre-se: ser cristão luterano não é ser um seguidor de Lutero, mas um discípulo de Cristo que tem Nele seu único Senhor e Salvador, que entendeu que somos o que somos pela graça divina, que vive pela fé e se alimenta diariamente da Palavra de Deus.
P. Marcos Antonio da Silva, Curitiba
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