14 de mar. de 2013

Edição 9 - Pecado, Confissão de Pecado, Penitência, Perdão e Absolvição


Edição 9
13 de março de 2013

Pecado, Confissão de Pecado, Penitência, Perdão e Absolvição

IntroduçãoA realidade do mal e do pecado faz parte da condição humana. Em sua limitação para praticar o bem a humanidade produz muita dor e sofrimento e o sentimento de culpa instala-se implacavelmente nas consciências a ponto de produzir grande tribulação e angústia. Como o ser humano pecador pode lidar com o pecado e com a culpa que ele provoca? Como ser redimido?  Estas são questões muito importantes sobre a existência humana.

Pecado e Perdão no ATNo Antigo Testamento, a problemática do mal e do pecado é tratada no contexto da pureza legal que, por sua vez, tem como pano de fundo a Aliança (Levítico 4-6). A quebra da Aliança é a causa do mal e do sofrimento. Nisto residia a idéia de pecado: “quebrar o acordo com Deus”. Para superar o mal e obter o perdão, o fiel devia demonstrar fidelidade a Deus através do sacrifício. Havia no sacrifício vetero-testamentário a idéia de confiança em Deus que, por sua graça, estava disposto a perdoar mediante um sacrifício de sangue.
Não demorou para que a tendência do legalismo e do ritualismo penetrasse fortemente na consciência do povo de Israel. Os ritos sacrificiais eram cumpridos como se tivessem um valor em si mesmos, esquecendo-se o seu fundamento, a Aliança firmada na graça de Deus que renovava todas as coisas. Para resgatar o sentido original do perdão dos pecados surgem novos discursos e práticas: a) a pregação profética que lembra a fidelidade à Aliança (Os 1-3; Am 9.11-15; Mq 7.8-20; Jr 31; Is 26-27); b) a confissão de pecados (Jr. 2-5; Ne 9.2s; Sl 51, 52 e 53; c) os ritos de arrependimento e conversão, como o uso de pano de saco e cinzas, rasgar as vestes, jejuns (Jó 2.8, 30.19, 42,6;  Is 58,5; 2 Sm 3.31, 1 Rs 21,12); d) a exclusão da sinagoga como gesto extremo para quem não quer mais ser fiel à Aliança (João 9.22).

Pecado e Perdão no NTA consciência de pecado e culpa está bastante permeada no Novo Testamento, bem como o chamado ao arrependimento. A fidelidade à Aliança, porém, agora é vista na perspectiva da chegada do reino de Deus (Mc 1.4 e 15; At 2.38, 3.19. Arrependimento e conversão passam a ser condição para entrar no reino de Deus. Eles aparecem a partir do estímulo reconfortante da certeza da satisfação da justiça de Deus mediante o sacrifício vicário de Jesus na cruz do Gólgota, como o “cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).
Em seu ministério Jesus curava os doentes e perdoava pecados. Era um sinal claro de resgate da pessoa perdida e marginalizada ao convívio de Deus e da comunidade que o havia excluído e apontavam sempre para a proximidade do Reino (Mc 1-2; Lc 19.1-10; Jo 8.3-11).
Jesus desejou que sua atitude fosse imitada pelos seus discípulos e para isso transmitiu a eles o poder de perdoar os pecados (Jo 20.21-23).

Pecado e Perdão na IgrejaAs primeiras comunidades logo perceberam que o mal e o pecado continuam presentes nas pessoas provocando divisões, disputas e brigas (1 Co 1.10-13; 6.1-8). Por isso a comunidade era constantemente chamada à conversão e santificação e a confiar na misericórdia de Deus (1 Jo 2.1-2). A confissão de pecados foi empregada ao longo da história de diversas formas, passando desde a confissão pública, à confissão auricular (particular a um confessor) e a prática da confissão individual e secreta. Esta última assumiu a forma mais comum nos dias atuais, mas é inegável a importância da confissão pública de pecados e da prática de cada cristão ter o seu confessor para, dele, ouvir em lugar de Cristo as palavras de absolvição de pecado (Mt 16.19; Jo 20.23).

Vida Cristã: da prisão do diabo à liberdade de CristoA nossa caminhada de fé estende-se entre a prisão da culpa e o castelo do perdão. Estávamos aprisionados por Satanás, mas Deus já abalou pela força de sua graça as muralhas da prisão. Saídos desta prisão diabólica andamos por fé em direção ao castelo de Deus, onde há liberdade plena e definitiva. Assim como Faraó perseguiu o povo hebreu no deserto Satã envia seus guardas para nos escravizar novamente. Dentro de nós, o velho Adão e a velha Eva são seus aliados valiosos. Porém Deus nos envia um poderoso protetor, que é o poder do perdão concedido por meio do sacrifício de Jesus Cristo.

Confissão e PenitênciaEm Mateus 4.17 Jesus diz: “Arrependei-vos porque está próximo o reino dos céus”. Isto é o mesmo que ser penitente. Lutero iniciou as 95 teses ensinando que “ao dizer ‘fazei penitência’ nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência (arrependimento)”. Penitência não são apenas os momentos em que se pratica o ato penitente, mas é também toda a vida do cristão: arrependimento do pecado por amor a Deus e receber dele o seu perdão. O “coração” da penitência é aquilo que Deus faz (concede perdão) e não o que o penitente realiza. O que está em jogo aqui é a certeza do perdão e isto não é possível alcançar com as nossas obras reparadoras, mas apenas com a graça de Deus.

Confissão de PecadosA confissão de pecados foi empregada ao longo da história de diversas formas, passando desde a confissão pública, à confissão auricular (particular a um confessor) e a prática da confissão individual e secreta. Esta última assumiu a forma mais comum nos dias atuais, mas é inegável a importância da confissão pública de pecados e da prática de cada cristão ter o seu confessor para, dele ouvir, em lugar de Cristo, as palavras de absolvição de pecado (Jo 20.23).

Perdão: libertação para o serviço ao próximoSegundo Lutero, “Deus não quer perdoar o pecado de ninguém, a não ser que perdoemos também ao nosso próximo”. O perdão de Deus liberta-nos da fixação de nós mesmos e abre nossos corações para o próximo e suas necessidades.

P. Edson R. Scherdien

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1 de mar. de 2013

Edição 8 - Ser, participar, testemunhar – Eu vivo comunidade

Edição 8
28 de fevereiro de 2013

Ser, participar, testemunhar – Eu vivo comunidade.
O lema bíblico

Ainda que cercados por progresso e inovações, vivemos tempos marcados por angústias e temores. O medo do futuro, da morte, certamente é o maior de todos. Nas tentativas de abafá-lo, mergulha-se em afazeres; preenche-se o tempo livre com agito; consome-se as últimas novidades e – como último recurso – busca-se consolo nalguma droga lícita ou ilícita.

O lema bíblico escolhido para a campanha anima, mas o recorte omite que ele remete à realidade do medo. Fazemos bem em mencionar o versículo por inteiro, poisDeus nunca se manifesta sem referir-se à nossa vivência concreta: “Não tema, pois estou com você; não tenha medo, porque eu sou o seu Deus. Eu o fortalecerei e ajudarei; eu o segurarei com a minha mão direita vitoriosa” (Is 41.10).

Ainda que dita pelo profeta uns 500 anos antes de Cristo aos israelitas que ansiavam pelo fim do exílio na Babilônia, também nós podemos acolher esta palavra de Deus como dirigida a nós. Não vivemos nós também como exilados, como corpo estranho, num mundo em que outros deuses parecem mandar? Não estamos em perigo de nos tornar escravos da compulsão do consumo? Não nos angustia nossa incapacidade de ser o que deveríamos ser? Não ansiamos por ajuda eficaz?A promessa divina nos convida a admitir nossos temores e abrir-nos para a esperança que Deus mesmo gera.

O Criador do inimaginavelmente vasto universo veio a nós em seu Filho e se oferece para amparar-nos com seu poder gracioso e imensurável. No abrigo da sua mão vitoriosa sobre diabo, pecado e morte (1Co 15) estamos a salvo de todas as angústias. Por meio de Jesus Deus definitivamente manifestou sua ajuda vitoriosa.

Assim o lema bíblico para 2013 não é um adendo, mas a palavra norteadora para nosso ser, participar e testemunhar e quer moldar nossa vivência comunitária.                                                        

P. Martin Weingaertner, Curitiba – prweingaertner.martin@gmail.com 

Contato: joelschlemper@gmail.com