16
de agosto de 2013
CHAMADOS
À FIDELIDADE AO EVANGELHO
Uma
igreja da reforma sempre vive em reforma
Somos profundamente gratos a Deus pela vocação com
a qual ele nos agraciou e através da qual ele nos chama para sermos dele e para
ele. Somos igualmente gratos que esta acolhida de Deus acontece na vida em
comunidade e temos o privilégio de vivê-la no âmbito da Igreja Evangélica de
Confissão Luterana no Brasil (IECLB), à qual pertencemos, na qual atuamos e com
cuja profissão de fé nos identificamos (Constituição da IECLB art. 5º). Ela aponta para a graça em Cristo que é recebida em fé, está
baseada nas Escrituras, é vivida em comunidade e se expressa no testemunho e na vida em sociedade.
Como herdeiros da reforma, afirmamos e praticamos o
sacerdócio geral de todos os crentes. Por isso buscamos engajar os membros do
corpo de Cristo no serviço na igreja de acordo com os dons que receberam do
Espírito Santo. Afirmamos o serviço missionário e diaconal como forma de viver
e proclamar o evangelho integral.
Ao vivermos a nossa vocação no âmbito da IECLB, percebemos
sinais que nos preocupam e para os quais queremos chamar a atenção. Ainda que
inconformados com isto, reiteramos nosso compromisso com o testemunho de fé dos
reformadores (Catecismo Menor e Confissão de Augsburgo). Queremos buscar por
espaços para viver esta convicção de fé e chamar a igreja a voltar para ela.
Entre as nossas preocupações, destacamos os
seguintes aspectos:
1. Vivemos
numa igreja que está se apequenando e se tornando irrelevante no contexto
religioso e social brasileiro;
2. Estamos
preocupados com a aceitação do ensino de que muitos caminhos levam a Deus, ou
seja, que nega a exclusividade de Cristo;
3. Percebemos
que se vivencia hoje na igreja uma relativização da autoridade das Escrituras;
4. Apontamos
também para a relativização da ética que desestrutura e desfigura especialmente
a família. Este cenário gera posições confusas e até
ambíguas na IECLB quanto à sexualidade humana. Estas, por sua vez, se refletem
na insegurança e incapacidade de comunidades e ministros
tratarem a crise do casamento e da família;
5. Experimentamos um desempoderamento das
nossas comunidades locais e, ao mesmo tempo, uma centralização que coloca as
comunidades a serviço da estrutura e as cerceia, bem como seus ministros, em
torno de uma uniformidade de atos, gestos e ritos;
6. Inquieta-nos
a crise vocacional e missionária na igreja.
À luz destes sinais preocupantes que descaracterizam
nosso próprio jeito histórico de ser igreja evangélica, reafirmamos a nossa fé
e gestamos um renovado compromisso em torno das seguintes afirmações:
1. Cremos
que Cristo é o caminho, a verdade e a vida, a revelação definitiva
e suficiente de Deus (João 14.6);
2. As
Escrituras são a nossa norma de fé e vida e de ministério, que se interpreta a
si mesma, assim como afirmado pelos reformadores (1Coríntios 15.3-4);
3. A fé
cristã se vive em comunidade fraterna que recebe e interpreta a Palavra, e,
ainda que formalmente autônoma, vive em parceria com outras comunidades irmãs e
serve a Deus em seu contexto (Filipenses
2.1-4);
4. A fé
é dom gracioso de Deus que implica em obediência individual e coletiva. Cada
cristão é chamado a obedecer ao mandamento de Deus em todos os âmbitos de sua
vivência (Gálatas 5.24). No âmbito
comunitário cremos que a obediência produz uma prática missionária de natureza
evangelística e diaconal (Atos 1.8).
Nós cremos que a Igreja precisa estar constantemente
comprometida com a vivência e pregação do Evangelho que gera uma igreja contextualizada,
aberta e acolhedora.
Encontro
de Obreiros do Movimento Encontrão
Florianópolis,
14 de agosto de 2013
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