21
de agosto de 2013
Jesus
Cristo tem a última palavra na Igreja
O
terceiro artigo da Confissão de Barmen
“Seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a
cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as
juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor.” Ef 4.15-16
A igreja cristã é uma comunidade de irmãos na qual Jesus Cristo
está presente e atua na palavra e no sacramento pelo Espírito Santo. Em meio ao
mundo do pecado esta igreja de pecadores agraciados, deve testemunhar com sua
fé e obediência, com sua mensagem e organização, que ela é unicamente
propriedade de Jesus Cristo e que vive e deseja viver na espera da sua volta
unicamente do seu consolo e da sua orientação.
Condenamos a falsa doutrina de que a igreja possa adequar a
forma da sua mensagem e da sua organização aos caprichos ou às variações das
convicções ideológicas e políticas ora dominantes.
A terceira tese da Confissão de
Barmen trata da concepção de Igreja. Para Karl Barth e os demais autores, a
Igreja é a “comunidade de irmãos na qual Jesus Cristo está presente e atua”. Esta
declaração foi fundamental, tendo em vista o contexto de então. Naquela época,
os “cristãos nazistas” realizavam o esforço de adequarem a mensagem da Igreja à
ideologia nacional-socialista e a organização da mesma ao princípio do líder
(Führer). Neste sentido, a Declaração Teológica de Barmen condena estes
procedimentos e reafirma o testemunho bíblico-reformatório sobre o que vem a
ser Igreja e como ela se apresenta ao mundo.
O que significa,
contudo, ser “uma comunidade de irmãos na qual Jesus Cristo está presente e atua”?
Quando procuramos compreender esta afirmação, somos lembrados da palavra de
Jesus: um só é Mestre de vocês, e todos
vocês são irmãos (Mateus 23.8).
Ou seja, em primeiro lugar, somente Jesus Cristo tem a última palavra na
Igreja. Ele é o Mestre! Por mais importante que sejam os credos, os dogmas e as
confissões, os documentos normativos, enfim, toda a tradição teológica e
eclesiástica que a Igreja acumulou ao longo de sua existência, nada disto tem,
nem de longe, o mesmo peso que a palavra de Jesus Cristo, testemunhada nas
Escrituras do Antigo e do Novo Testamento. Em segundo lugar, ela é a comunidade
de pessoas – homens e mulheres – que estão na mesma condição diante de Deus,
pecadores agraciados, que recebem o convite para se relacionarem entre si como
iguais, isto é, como irmãos, ainda que diferentes em dons (1Coríntios 12) e talentos (Mateus
25). Em função disso, a Igreja é o lugar privilegiado para se exercitar a
palavra de Jesus: não será assim entre
vocês (Mateus 20.26). O cultivo
de hierarquia e de linha de comando (um manda e outro obedece sem questionar)
pode pertencer à sociedade, mas não à comunidade dos irmãos.
Além disto, a
Declaração de Barmen nos lembra que vivemos “em meio ao mundo do pecado”.
Consequentemente, sofremos pressões que vem de dentro e de fora da Igreja, no
sentido de diluir a sua mensagem e a sua organização “aos caprichos e variações
das convicções ideológicas” de nossos dias. Algumas dessas pressões nós
identificamos com facilidade, tais como “todos os caminhos levam a Deus”;
outras, nem tanto, como por exemplo, o uso do Evangelho para interesses financeiros
e de auto-ajuda. Por isso, os autores da confissão de Barmen nos encorajam a
caminharmos como Igreja que pertence unicamente a Jesus Cristo “e que vive e
deseja viver na espera da sua volta unicamente do seu consolo e da sua
orientação”.
Vale a pena
refletir:
- O que hoje ameaça nossa
igreja, no sentido de impedir que ela seja exclusivamente propriedade de
Cristo?
- Como podemos evitar que as
pressões culturais, ideológicas ou políticas moldem a igreja e destruam
sua identidade?
- Como
se manifesta concretamente que somos, de fato, uma comunidade de irmãos e
irmãs?
P.
Dr. Mário Francisco Tessmann – Curitiba/PR
Editorial: O Boletim Virtual Luteranos em Movimento é organizado por um grupo de ministros da IECLB e tem por objetivo a reflexão e a Formação Cristã Continuada para dentro da igreja de Jesus.
A edição é quinzenal e pode ser usado tanto para a reflexão pessoal como em grupos de estudo.
É livre para distribuição.