10 de abr. de 2013

Edição 11 - Será a igreja ainda relevante?


Edição 11
10 de abril de 2013                
Será a igreja ainda relevante?

Compartilho uma notícia veiculada na Folha de São Paulo no dia 30 de março, em plena véspera da Páscoa:

Sem fiéis, igreja alemã põe templos à venda!
Vende-se uma igreja por 135 mil euros (R$ 350 mil). Quem está à procura de uma capela pode conseguir uma por 20 mil euros (R$ 51 mil). Essas ofertas são da arquidiocese de Berlim, que tenta há semanas se desfazer de templos que estão órfãos de fiéis. Embora a Igreja Católica tenha sido liderada recentemente pelo papa alemão Bento XVI, 400 templos foram fechados, na Alemanha, em 2011, de acordo com a Conferência Episcopal do país. Com a Igreja Evangélica alemã não é diferente. Os evangélicos criaram um site para divulgar a oferta de 170 templos e 140 terrenos. De 1990 a 2010, 340 templos evangélicos foram fechados no país, segundo o diário espanhol "El País". O índice de alemães católicos e evangélicos caiu 10% e 17%, respectivamente, desde os anos 1990. Uma igreja evangélica localizada na cidade de Hamburgo, vendida no final do ano passado, por falta do comparecimento de fiéis, agora está nas mãos do islã. O negócio acabou com a convivência pacífica entre cristãos e muçulmanos na cidade.

À distância, não temos condições para avaliar as razões do esvaziamento da vida comunitária no berço da Reforma. E nem pode ser nossa intenção estabelecer qualquer tipo de julgamento. Ainda assim, não deveríamos ignorar tais notícias, pois fatos como estes lançam sobre nós algo como um temor profético. Necessariamente havemos de nos perguntar: nossas comunidades em solo brasileiro correm um risco semelhante no futuro?

O risco imediato poderia ser que nos sintamos pressionados por este temor. Uma pressão que nos levaria a antecipar que também entre nós possa haver uma fuga lenta, mas progressiva dos fiéis de nossas comunidades. O que facilmente poderia nos levar a uma tentativa (nem sempre consciente) de adaptar nosso testemunho e nossa prática comunitária “ao gosto do cliente”, imaginando que assim faríamos de nossas comunidades e igrejas relevantes. Mas assim teríamos um Evangelho diluído, prostrado diante do estilo de vida e da cultura de cada geração. O ser humano seria alçado à condição de senhor, e Deus seria submetido à condição de criatura, a quem nada mais resta senão abençoar todas as decisões e atitudes do ser humano, por mais louco que isso possa parecer. Sob estes pressupostos e refém do espírito da época, a igreja nada mais seria do que ONG religiosa.

Não seria este um tiro a sair pela culatra?

Certamente a igreja não se tornará relevante simplesmente por se adequar ao estilo de vida de cada geração e por assumir um discurso politicamente correto. Fazendo isso, ela até poderia tornar-se relevante ao ser humano, mas certamente se tornaria irrelevante para o Senhor da Igreja. Não seria este um importante motivo para o esvaziamento da igreja?Uma Igreja adaptada à cultura de seu tempo e refém do espírito de sua época, na pretensão de atrair pessoas, acabará por não fazer mais diferença alguma em sua realidade e na vida das pessoas, que logo a deixarão, porque ela perdeu justamente aquilo que representa a sua relevância.

A relevância diante do Senhor é a condicionante para a relevância para as pessoas e para o mundo. Só assim ela fará diferença na vida das pessoas. Relevante ela será na medida em que conduzir pessoas a se submeter ao senhorio de Jesus Cristo e a libertar-se dos ditames da cultura vigente, quando estes estiverem em oposição à Palavra de Deus. Relevante ela será quando ensinar as pessoas a temer e a reverenciar a Deus acima de todas as coisas.  Relevante ela será na medida em que ela mesma se submeter à Palavra de Deus que encontramos na Bíblia e anunciar a justificação do pecador ao invés do pecado. Relevante ela será na medida em que tiver a coragem de anunciar neste mundo multi-religioso que Jesus Cristo é o único caminho e que não há salvação em nenhum outro nome.

P. Sigolf Greuel

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