A FÉ CRISTÃ E O CARNAVAL
Festas semelhantes ao Carnaval podem ser encontradas em todas as
culturas, desde a antiguidade. Geralmente, eram festas populares, vinculadas
aos cultos de fertilidade, mediante os quais se apresentavam agradecimentos aos
deuses pela colheita e pelos frutos da terra. Eram festas em que geralmente os
valores e preceitos morais eram “relaxados” e onde as pessoas tinham mais
“liberdade” de ser e fazer o que quisessem. O Carnaval, contudo, foi assumindo
a forma atual a partir da Idade Média, quando a Igreja instituiu as celebrações
da Semana Santa. Por isto, o Carnaval (como a Páscoa) é uma festa móvel: ele
sempre acontece 47 dias antes da Páscoa. Como a Páscoa é fixada para o Domingo
após a primeira lua cheia depois do equinócio da Primavera (no hemisfério
Norte), o Carnaval ocorre 47 dias antes, numa Terça-feira (chamada: Terça
Gorda!). Isto porque no dia seguinte começa a Quaresma, que é um período de
jejuns e de mortificação, onde a sociedade deixa de lado os prazeres da carne,
e se prepara espiritualmente para a celebração da Páscoa. Por isso, Carnaval
vem do latim: carni valles = prazeres
da carne! Por esta razão, a festa foi
assumindo a sentido de uma “liberação total dos prazeres da carne”, um vale
tudo, já que depois disso teria que se abandonar esses prazeres.
Poderíamos fazer uma longa análise destas coisas em nossos dias. Fato é
que vivemos numa sociedade “líquida”, onde não se sabe mais o que é certo e o
que é errado, e cada vez mais as pessoas precisam das festas para sobreviver. E
o carnaval é a supra-sumo delas no Brasil. As cores, a música, a dança, as fantasias e a
liberdade, especialmente sexual, em muitos casos reprimida durante o ano,
tornam o carnaval o evento mais popular do nosso país. As pessoas precisam de
espetáculo, de injeções de cores, quando a vida não passa de uma grande
variação de tonalidades de cinza. Vivemos numa Sociedade do Espetáculo, como a
definiu Guy Debord, que cria uma sede artificial nas pessoas, que se rendem a
ela, pois não encontram outras razões existenciais para enfrentar um cotidiano
cinza demais para se viver... Sociedade que coisifica
as pessoas, para satisfazer seu lucro, sua ganância.
Deus nos dá outra razão para viver. Pela fé em
Cristo, temos uma nova vida, e encontramos uma razão para nossa existência. Ele
nos liberta das paixões e dos prazeres da carne, para que tenhamos uma vida
plena, em que não somos sujeitos e escravos de nada. Não mais lutamos segundo a
carne (2 Cor 10.3), nem mais lhe somos devedores (Rm 8.12), pois ela foi
crucificada com Cristo (Gl 5.24).
A fé cristã, contudo, não é contra festas!O
evangelho não proíbe a alegria (Jo 15.11). Pelo contrário, ele nos devolve a
alegria, ele tira a vida do “cinza” e a torna muito alegre... Não é possível
imaginar uma VIDA PLENA (Jo 10.10), como Deus a deseja para nós, desprovida de
alegria, gozo, celebração e festa! Será que a Igreja tem falhado em mostrar
esta face da fé cristã para o mundo? Somos felizes 365 dias por ano. Somos
livres, e não dependemos do Carnaval para nos “extravasarmos”. Quem vive uma
vida com Deus está louco mesmo para “extravasar” a paz, o amor e a alegria que
encontrou no seu Criador. Temos muitos motivos para celebrar. Façamos isto,
sendo livres, alegres, curtindo a vida e o amor eterno que nós conhecemos em
Jesus! Aleluia!
P. Rui Petry – Florianópolis, SC
Contato: joelschlemper@gmail.com
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