24 de out. de 2013

Edição 24 - Em Deus experimentamos coisas que a razão desconhece

23 de outubro de 2013
Em Deus experimentamos coisas que a razão desconhece
“a farinha da vasilha não se acabou e o azeite na botija não se secou” 1 Reis 17.16
Na Bíblia há uma pequena história, mais ou menos, assim: Uma jovem viúva, com um filho ainda pequeno, vive o drama da falta de comida num período de seca e escassez. Quando estão no limite da sobrevivência, aparece um forasteiro, que lhe pede água e comida. Após hesitar um pouco e, mediante a promessa do forasteiro, ela cede ao pedido e oferece o que poderia ser a última refeição da sua família. Por intervenção divina aquela pequena refeição durou vários dias até o fim da seca, conforme a promessa do forasteiro. No entanto, algo mais dramático estava por acontecer... O filho desta jovem viúva adoeceu e veio a morrer. A indignação tomou conta da viúva e do forasteiro. Porém, novamente o Deus a quem o forasteiro servia, agiu e trouxe o menino de volta.
Um conto de fadas?
Esta é a história do profeta Elias e a viúva de Sarepta (1 Reis 17.7-24). É uma daquelas histórias, que talvez muitos, numa leitura superficial, classificariam como mito, conto de fadas ou ficção. Pois há nela dois fatos que escapam da lógica e da razão humana. Uma pequena refeição (um pouco de farinha e azeite) que duram vários dias e a ressurreição de um menino. Porém há muita coisa na minha e na tua vida, que poderiam ser classificadas como mito, conto de fadas ou ficção. Ou seja, coisas que a pobre razão humana desconhece.
Quem já se deixou levar pela fé e pelas batidas do coração, sabe que existem mais coisas na vida do que o cérebro pode entender. Seja a história de Elias e a Viúva de Sarepta, ou qualquer outra história da Bíblia, ou até mesmo histórias da nossa vida, precisamos ouvi-las, com a razão, com a fé e com a emoção. Se você tirar uma destas dimensões, a história ficará incompleta. Por isso, minha intenção e a minha oração não é que você termine de ler este artigo e se sinta confortável diante de Deus, mas que você deseje saber mais, deseje arriscar mais e viver mais pela fé.
Não pretendo esgotar a história de Elias e a viúva, pois ela é a história de uma vida, a vida de todos nós. Nesta história vemos pessoas sendo chamadas por Deus e sendo obedientes a Ele. Vemos o encontro e transformação de pessoas, vemos dificuldades e desafios, milagres e lamento, dor e morte, mas vemos também a ressurreição. Ou seja, é uma história completa. Mas quero olhar um pouco para a perspectiva da viúva.
  A perspectiva da viúva
Certamente, nenhum de nós tem em casa apenas um punhado de farinha e um pouco de azeite. Em termos de comida, todos nós temos mais do que precisamos. Mas era o que aquela viúva tinha. Você consegue se colocar no lugar desta mulher? Ela já não tinha quase nada, aí chega Elias, um cara que tinha menos do que ela.
Confesso que fico constrangido diante desta cena, por dois motivos: primeiro, por que Elias era um homem de Deus, no entanto não tinha absolutamente nada além da fé e do temor a Deus (um grande contraste em relação aos profetas do nosso tempo, que andam de jatinho particular e moram em mansões!). O segundo motivo do meu constrangimento, é pela atitude da viúva que, mesmo tendo tão pouco, ainda compartilhou o que tinha. Isto sempre me deixou pensativo, como alguém pode compartilhar a sua última refeição?
Há uns dois anos eu conversei com um líder de um grupo de cavaleiros em Joinville/SC. Ele disse que, às vezes, seu grupo fazia cavalgadas pela cidade para arrecadar alimentos e roupas para entidades beneficentes. Segundo ele, os bairros mais pobres eram os que participavam mais. Parece-me que quem já passou frio e fome, sabe compartilhar melhor o que tem. Talvez isso explique um pouco o desprendimento desta viúva.
Uma motivação mais poderosa
Mas há uma motivação maior e mais poderosa em tudo isso: a fé. Tanto o profeta como a viúva ousaram colocar sua situação nas mãos de Deus. Fé, não é acreditar em mágica, é confiar na ação do Deus criador, que pela sua Palavra fez tudo o que existe. Se fez o que fez pela Palavra, imagine o que pode fazer com um punhado de farinha e um pouco de azeite!
Qual é a farinha e o azeite que você tem e ainda não colocou nas mãos de Deus? Em que você se agarra, dizendo isso aqui é meu? Você vai morrer e levar junto? Não se preocupe não estou pedindo dinheiro nem, tão pouco, dizendo para dar tudo o que tem. Mas a Bíblia nos ensina que nada nos pertence; e a vida nos ensina que nu viemos e nu partiremos.
A viúva compartilhou o pouco que tinha. Se Deus o multiplicou 30, 50 ou mais vezes, não foi para enriquecer nem a viúva, muito menos o profeta. Foi para eles terem o suficiente para comer. Quando alguém doa, esperando o retorno de Deus, ou está sendo enganado, ou é ganancioso. Dar, esperando algo em troca, não é dar, mas negociar. Colocar a sua farinha e o seu azeite nas mãos de Deus, também não é sair dando o que você tem a qualquer louco que pedir. Pelo contrário é colocar tudo o que tem à disposição do Senhor que lhe dará discernimento e oportunidade de compartilhar com quem necessita, a exemplo da viúva de Sarepta.
Para refletir:
Qual é a farinha e o azeite que você tem e ainda não colocou nas mãos de Deus?
Miss. Oziel Gustavo Marian, Chapadão do Céu (GO)



Editorial: O Boletim Virtual  Luteranos em Movimento é organizado por um grupo de ministros da IECLB e tem por objetivo a reflexão e a Formação Cristã Continuada para dentro da igreja de Jesus. A edição é quinzenal e pode ser usado tanto para a reflexão pessoal como em grupos de estudo. É livre para distribuição

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