23
de outubro de 2013
Em
Deus experimentamos coisas que a razão desconhece
“a farinha da vasilha não se
acabou e o azeite na botija não se secou” 1 Reis
17.16
Na Bíblia há uma pequena história, mais
ou menos, assim: Uma jovem viúva, com um filho ainda pequeno, vive o drama da
falta de comida num período de seca e escassez. Quando estão no limite da
sobrevivência, aparece um forasteiro, que lhe pede água e comida. Após hesitar
um pouco e, mediante a promessa do forasteiro, ela cede ao pedido e oferece o
que poderia ser a última refeição da sua família. Por intervenção divina aquela
pequena refeição durou vários dias até o fim da seca, conforme a promessa do
forasteiro. No entanto, algo mais dramático estava por acontecer... O filho
desta jovem viúva adoeceu e veio a morrer. A indignação tomou conta da viúva e
do forasteiro. Porém, novamente o Deus a quem o forasteiro servia, agiu e
trouxe o menino de volta.
Um
conto de fadas?
Esta
é a história do profeta Elias e a viúva de Sarepta (1 Reis 17.7-24). É uma daquelas histórias, que talvez muitos, numa
leitura superficial, classificariam como mito, conto de fadas ou ficção. Pois
há nela dois fatos que escapam da lógica e da razão humana. Uma pequena
refeição (um pouco de farinha e azeite) que duram vários dias e a ressurreição
de um menino. Porém há muita coisa na minha e na tua vida, que poderiam ser
classificadas como mito, conto de fadas ou ficção. Ou seja, coisas que a pobre
razão humana desconhece.
Quem
já se deixou levar pela fé e pelas batidas do coração, sabe que existem mais
coisas na vida do que o cérebro pode entender. Seja a história de Elias e a
Viúva de Sarepta, ou qualquer outra história da Bíblia, ou até mesmo histórias
da nossa vida, precisamos ouvi-las, com a razão, com a fé e com a emoção. Se
você tirar uma destas dimensões, a história ficará incompleta. Por isso, minha
intenção e a minha oração não é que você termine de ler este artigo e se sinta
confortável diante de Deus, mas que você deseje saber mais, deseje arriscar
mais e viver mais pela fé.
Não
pretendo esgotar a história de Elias e a viúva, pois ela é a história de uma
vida, a vida de todos nós. Nesta história vemos pessoas sendo chamadas por Deus
e sendo obedientes a Ele. Vemos o encontro e transformação de pessoas, vemos
dificuldades e desafios, milagres e lamento, dor e morte, mas vemos também a
ressurreição. Ou seja, é uma história completa. Mas quero olhar um pouco para a
perspectiva da viúva.
A perspectiva da viúva
Certamente,
nenhum de nós tem em casa apenas um punhado de farinha e um pouco de azeite. Em
termos de comida, todos nós temos mais do que precisamos. Mas era o que aquela
viúva tinha. Você consegue se colocar no lugar desta mulher? Ela já não tinha
quase nada, aí chega Elias, um cara que tinha menos do que ela.
Confesso
que fico constrangido diante desta cena, por dois motivos: primeiro, por que
Elias era um homem de Deus, no entanto não tinha absolutamente nada além da fé
e do temor a Deus (um grande contraste em relação aos profetas do nosso tempo,
que andam de jatinho particular e moram em mansões!). O segundo motivo do meu
constrangimento, é pela atitude da viúva que, mesmo tendo tão pouco, ainda
compartilhou o que tinha. Isto sempre me deixou pensativo, como alguém pode
compartilhar a sua última refeição?
Há
uns dois anos eu conversei com um líder de um grupo de cavaleiros em
Joinville/SC. Ele disse que, às vezes, seu grupo fazia cavalgadas pela cidade
para arrecadar alimentos e roupas para entidades beneficentes. Segundo ele, os
bairros mais pobres eram os que participavam mais. Parece-me que quem já passou
frio e fome, sabe compartilhar melhor o que tem. Talvez isso explique um pouco
o desprendimento desta viúva.
Uma
motivação mais poderosa
Mas
há uma motivação maior e mais poderosa em tudo isso: a fé. Tanto o profeta como
a viúva ousaram colocar sua situação nas mãos de Deus. Fé, não é acreditar em
mágica, é confiar na ação do Deus criador, que pela sua Palavra fez tudo o que
existe. Se fez o que fez pela Palavra, imagine o que pode fazer com um punhado
de farinha e um pouco de azeite!
Qual
é a farinha e o azeite que você tem e ainda não colocou nas mãos de Deus? Em
que você se agarra, dizendo isso aqui é meu? Você vai morrer e levar junto? Não
se preocupe não estou pedindo dinheiro nem, tão pouco, dizendo para dar tudo o
que tem. Mas a Bíblia nos ensina que nada nos pertence; e a vida nos ensina que
nu viemos e nu partiremos.
A
viúva compartilhou o pouco que tinha. Se Deus o multiplicou 30, 50 ou mais
vezes, não foi para enriquecer nem a viúva, muito menos o profeta. Foi para
eles terem o suficiente para comer. Quando alguém doa, esperando o retorno de
Deus, ou está sendo enganado, ou é ganancioso. Dar, esperando algo em troca,
não é dar, mas negociar. Colocar a sua farinha e o seu azeite nas mãos de Deus,
também não é sair dando o que você tem a qualquer louco que pedir. Pelo
contrário é colocar tudo o que tem à disposição do Senhor que lhe dará
discernimento e oportunidade de compartilhar com quem necessita, a exemplo da
viúva de Sarepta.
Para refletir:
Qual é a farinha e o azeite que você tem e ainda não
colocou nas mãos de Deus?
Miss.
Oziel Gustavo Marian,
Chapadão do Céu (GO)
Editorial: O
Boletim Virtual Luteranos em Movimento é organizado por um grupo de ministros da IECLB e tem por objetivo a reflexão e a Formação
Cristã Continuada para dentro da igreja de Jesus. A edição é quinzenal e pode ser usado tanto para a reflexão pessoal
como em grupos de estudo. É livre para distribuição
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