26 de jun. de 2013

Edição 16 - O batismo que aponta para o Evangelho

26 de junho de 2013

O batismo que aponta para o Evangelho

Há pouco tempo atrás o GPS não era acessível à maioria das pessoas. Em virtude disto, os viajantes eram guiados pelas placas que os levavam ao destino desejado. Ainda hoje as placas apontam a direção que nós devemos seguir para uma viagem tranquila. Da mesma forma como as placas indicam o caminho, também o batismo quer nos levar ao único caminho, verdade e vida. Fora disto, estamos nos enganando, ou, ainda, assumindo o risco de tomarmos caminhos que nos deixarão perdidos.

Isto fica claro quando lemos o Novo Testamento e encontramos poucas ocorrências a respeito do batismo. Afinal, o batismo não testemunha de si mesmo, mas está a serviço do Evangelho, apontando para Cristo, ou seja, o batismo deve servir a Cristo, apontando para sua morte e ressurreição e nos inserindo na mesma (Rm 6.5), para que andemos em novidade de vida.

Aprendemos isto do próprio Cristo quando olhamos para o final do Evangelho de Mateus, capítulo 28, versículos 19 e 20, texto conhecido como “A Grande Comissão”.

“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.”

Nas palavras do Cristo ressuscitado enxergamos nitidamente qual o papel daqueles que aguardam sua vinda, a saber, o chamado ao discipulado no dia-a-dia, uma vida guiada por Deus. Nisto podemos atentar para as 4 partes destes versículos.

Cristo não manda que criemos membros, fiéis ou pessoas batizadas, ele pede por discípulos de todas as nações! O exemplo de fazer discípulos é dado pelo próprio Jesus ao longo de seu ministério. Discipulado é o confronto com a realidade e o convite para olhar ao seu redor com os olhos de quem já enxerga a eternidade em fé. Os discípulos devem se multiplicar e alcançar todos os povos, esta é a missão da Igreja, ir além de seus muros e barreiras confessionais, fazendo discípulos de Cristo ainda hoje.

Tais discípulos devem ser batizados. Há quem creia que batismo nada mais seja que um mero “jogar aguinha na cabeça”. Quem pensa desta forma, despreza a ordem de Cristo de que o batismo faz parte do discipulado. A fórmula usada no Evangelho de Mateus ainda hoje é empregada, e desta forma a pessoa batizada é entregue sob os cuidados do Trino Deus. A pessoa pertence a Ele. Isto se desdobra no testemunho diário. A diferença deste batismo para o de João Batista é que agora o próprio Jesus faz parte dele e os que agora são batizados morrem com Cristo e erguem-se com Ele para uma vida nova (Rm 6.1ss).Sendo assim, batismo não é mero ato formal, mas compromisso com o Cristo morto e ressurreto, batismo é discipulado, caso contrário torna-se juízo sobre os que em vão usam o nome de Cristo.

Todo discípulo batizado deve ser instruído e aperfeiçoado. Em outros termos, viver Cristo no cotidiano é aprofundar-se por meio de Sua palavra: pelo ensino, exortação e consolo enquanto aguarda a volta dAquele que nos prometera o Consolador.

No caminho do discipulado certamente enfrentamos dificuldades e situações adversas. Porém, temos a certeza de que não estamos sozinhos. O próprio Jesus promete estar conosco e desta forma seguiremos, nas palavras de Agostinho “A Igreja avançará, peregrinando entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus”.

P. Israel W. Sell – Navegantes, SC

  
 Contato:  P. Joel Schlemper

7 de jun. de 2013

Edição 15 - Aborto


05 de junho de 2013                                                
Aborto

Aborto: uma questão de saúde pública?
A discussão em torno do aborto reaparece de tempos em tempos. Há quem defenda que o aborto não seja mais considerado crime. O argumento é que se trata de uma questão de saúde pública. A razão seria o número elevado de mulheres que morrem em decorrência de abortos clandestinos.
Ninguém apresenta números exatos nem a fonte, o que poderia nos levar a suspeitar dos altos números apresentados Mas, mesmo que os números fossem altos, isso justificaria descriminalizar o aborto? Se o feto é pessoa há algum motivo justificável para matar alguém? Por isso queremos analisar este tema.

O que é aborto?
Mas porque aprovar leis no Brasil que descriminalizem o aborto? Há algum interesse oculto nessa intenção?Como cristãos comprometidos com a Palavra de Deus e o respeito à vida podem se posicionar a este respeito?O que afinal de contas é o aborto?
Aborto é a expulsão ou extração da placenta ou membranas sem um feto identificável, ou com um recém-nascido vivo ou morto que pese menos de 500 gramas ou que tenha menos de 20 semanas. O aborto pode ser espontâneo, quando acontece por causas naturais, ou provocado, quando ocorre por intervenção especial do ser humano.
Legislação brasileira
A legislação brasileira em vigor é uma das mais duras quando trata do tema. O aborto é considerado crime. Contudo, o artigo 128 do código penal, não o pune em duas situações: a) Quando a vida da mãe está em perigo; b) Em caso de estupro. Recentes decisões judiciais autorizaram aborto de fetos sem cérebro. Ao mesmo tempo, o artigo 5º da Constituição garante a todos o direito à vida.

Quando a vida começa?
Uma das grandes perguntas em torno do debate sobre o aborto é: “quando começa a vida?”. Existem basicamente três opiniões:
1)              Os que defendem o início da vida baseados em dados genéticos. Estes entendem que a vida humana inicia no momento da concepção.
2)              Os que acreditam que o feto precisa se desenvolver para só depois ser considerado uma pessoa. Neste grupo estão os que dizem que a vida começa a partir da nidação (12 dias), ou da formação do córtex cerebral (20 semanas), ou a partir da constituição física do feto (21 semanas), ou ainda a partir de sua saída do útero.
3)              Os que afirmam que a vida só pode ser determinada a partir de suas conseqüências sociais.Neste grupo, defende-se a ideia que uma gestação não deveria ser levada adiante se o feto causar problemas sociais. Por exemplo: se a família é pobre e não tem condições de criar mais um filho. Ou se a mãe for uma adolescente e, em função da maternidade, terá que interromper seus estudos.
A Biologia pode nos ajudar a entender quando começa a vida. A vida humana inicia na concepção. Neste momento, já estão definidos sexo, cor dos olhos, cor do cabelo, etc. E isto já o caracteriza como pessoa. O Salmo 139. 14-16 expressa essa verdade: Eu te louvarei, porque de um modo tão admirável e maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado, e esmeradamente tecido nas profundezas da terra.Os teus olhos viram a minha substância ainda informe, e no teu livro foram escritos os dias, sim, todos os dias que foram ordenados para mim, quando ainda não havia nem um deles.
Por isso, é inadmissível o aborto sob o argumento de que o filho prejudicaria os planos da mãe ou provocaria consequências sociais negativas.

O que a Bíblia diz?
A Bíblia não fixa o momento exato do início da vida, nem fala sobre o aborto provocado. A Didaquê (Manual prático dos cristãos do século I) condena o aborto ao dizer: Não farás morrer a criança pelo aborto nem depois de ter nascido. Neste caso, se o feto é uma vida, deve ser protegido. Neste sentido, o quinto mandamento ao dizer Não matarás (Êxodo 20.13) não apenas proíbe matar, mas também nos compromete a proteger a vida, inclusive a que ainda não nasceu.

Cristãos defendem a vida.
Como cristãos não podemos concordar com o aborto. Trata-se de um assassinato no qual a vítima não tem como se defender. Defendemos a vida em qualquer circunstância, porque temos nossa consciência cativa a Deus. Ao mesmo tempo, devemos agir com sensibilidade naqueles casos em que a legislação não pune o aborto. Por exemplo, se a mulher engravidar a partir de um estupro e decidir por não abortar, deve ser apoiada. Por outro lado, se ela decidir pelo aborto igualmente precisa de apoio. Nestes casos extremos, cabe à mulher decidir.

O que podemos fazer para evitar o aborto?
Igreja e Estado precisam se empenhar na defesa da vida, cada qual em seu âmbito. A igreja, além de incentivar e valorizar a família, deve desenvolver ações que promovam a paternidade e maternidade responsável dentro do casamento. Os jovens precisam ser orientados para uma vida casta e decente. Além disso, oferecer espaços para proteger a gestante que, por algum motivo, está desprotegida e desamparada. Deve ajudá-la e ampará-la para que não lhe ocorra, seja por desespero ou por falta de conhecimento, a tentação de interromper uma vida inocente.

P. Joel Schlemper – joelschlemper@gmail.com




Contato:  P. Joel Schlemper

Editorial: O Boletim Virtual  Luteranos em Movimento é organizado por um grupo de ministros da IECLB e tem por objetivo a reflexão e a Formação Cristã Continuada para dentro da igreja de Jesus.
A edição é quinzenal e pode ser usado tanto para a reflexão pessoal como em grupos de estudo.
É livre para distribuição.