08 de maio de 2013
Ainda existe CERTO e ERRADO?
Parece não haver mais verdades
absolutas e eternas. Vivemos num tempo em que o certo para um pode não ser para
outro. Aliás, o que é certo para um pode ser encarado como errado pelo outro, e
o que é considerado errado para um pode ser a mais absoluta verdade para outro.
Como conseqüência, deixar de pagar impostos para uns é sonegação e pecado; já
para outros é sinônimo de esperteza. Um, com a Bíblia na mão, afirma que a
prática da homossexualidade é pecado; já outro, dizendo basear-se na mesma
Bíblia, irá afirmar que esta é uma expressão legítima de amor. Alguns
consideram o aborto como assassinato e pecado, já outros defendem a decisão
soberana e sem culpa por parte da mãe pelo menos até o terceiro mês da
gestação. Diante dessas e outras questões que se colocam perguntamos: ainda
existe certo e errado?
Parece que não existem mais valores e
princípios universal e eternamente aceitos. Estamos diante da imposição de um
novo fundamentalismo: uma espécie disfarçada de imposição da ausência de
valores e princípios, a não ser aqueles que a própria pessoa determina. Em
última análise, o que é certo e errado torna-se uma questão de foro íntimo, uma
questão de decisão pessoal e individual. Até mesmo a religiosidade e a
espiritualidade passam a ser uma questão de arranjo pessoal, fluida e
transitória. O que é verdade hoje para a mesma pessoa pode não ser mais amanhã.
Como conseqüência, não se vê com bons olhos que uma palavra de alguma
autoridade, fora de mim mesmo, me diga o que é certo ou errado, nem mesmo a
Bíblia. Como nos tempos dos juízes, cada
um fazia o que lhe parecia certo (Juízes
17.6 e 21.25). “Eu tinha motivo para querer que o mundo não tivesse
significado... Para mim, e sem dúvida para muitos de meus contemporâneos, a
filosofia do sem sentido era essencialmente um instrumento de libertação. A
libertação que nós desejávamos era simultaneamente libertação de um certo
sistema político e econômico e de certo sistema moral. Fazíamos objeções à
moralidade, porque ela interferia em nossa liberdade sexual” (Aldous Huxley).
Quer me parecer que nos encontramos
diante de um dos maiores desafios que o cristianismo já enfrentou em sua
história. A compreensão acima, uma vez assimilada, trará profundas implicações
para a fé cristã, para nossos relacionamentos e também para a autoridade da
Bíblia, enquanto Palavra de Deus. Todas as esferas da vida humana, desde a
ética, a moral e a própria espiritualidade, serão por ela atingidas e
influenciadas. Corremos o risco de que cada qual absolutize o seu próprio jeito
de ser e viver, resultando numa completa diluição do Evangelho de Jesus Cristo.
Caso seja jogada fora a autoridade da Bíblia como Palavra eterna de Deus, nada
restará, a não ser viver a partir de nós mesmos e para nós mesmos como
autoridade última e suprema.
A questão que se coloca é a seguinte:
é o comportamento humano que precisa se adequar às verdades da Bíblia, ou é a
Bíblia que precisa adaptar-se às constantes mudanças culturais?
Como cristãos, nós cremos que a
Bíblia é a Palavra de Deus. Sim, ela é a Palavra de Deus e não apenas a contém.
Toda verdade vem de Deus, porque ele, em Jesus Cristo não apenas nos revelou a
verdade, mas ele mesmo disse: Eu sou a verdade. É o próprio Deus quem
decide o que é a verdade e o que é certo e errado. Por isso, o cristão abre mão
de sua verdade individual e a submete a Deus, e se compromete com ela. Não é a
experiência humana que ilumina e corrige a Escritura, mas é a Escritura que
ilumina e corrige a experiência humana. Jesus ouviu as necessidades das pessoas
e as levou em conta, mas não permitiu que a pressão do meio e as necessidades
das pessoas definissem o caráter de seu ministério.
Ao contrário de muitos, não
negociamos a Palavra de Deus visando lucro; antes, em Cristo falamos diante de
Deus com sinceridade, como homens enviados por Deus (2
Coríntios 2.17).
P. Sigolf Greuel
Contato:
P.
Joel Schlemper
Editorial: O
Boletim Virtual Luteranos em Movimento é organizado por um grupo de ministros da IECLB e tem por objetivo a reflexão e a Formação
Cristã Continuada para dentro da igreja de Jesus. A edição é quinzenal e pode ser usado tanto para a reflexão pessoal
como em grupos de estudo. É livre para distribuição.
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