Somos Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil
Nesta edição do Luteranos em
Movimento encerramos a reflexão sobre o significado de sermos Igreja Evangélica
de Confissão Luterana no Brasil. Sendo assim, abordaremos a expressão “no
Brasil” no nome da denominação.
Em primeiro lugar, ela revela
nossa origem estrangeira. As primeiras comunidades luteranas foram fundadas no
Brasil em 1824, em Nova Friburgo (RS) e São Leopoldo (RS), respectivamente.
Diferente de outras denominações protestantes no Brasil, o surgimento destas
comunidades luteranas não resultou do envio intencional de missionários para
evangelizar os brasileiros. Antes, resultou do processo imigratório de europeus
empobrecidos que vieram motivados pelas promessas de concessão de terras do
governo brasileiro.
Inicialmente a imigração foi vista como solução para a colonização e povoamento
de extensos territórios vazios no Brasil imperial. Com a crescente necessidade
de mão-de-obra para a lavoura cafeeira e a pressão internacional contra o
tráfico negreiro, grandes levas de imigrantes também foram trazidos para
trabalhar na agricultura.
Entre os imigrantes havia
suíços, belgas e, principalmente, alemães. Muitos deles eram luteranos e alguns
reformados. O governo brasileiro instalou-os em colônias, territórios ainda
“não ocupados”, nos quais houve muitos conflitos com índios. Há inúmeros
relatos de assassinatos tanto de colonos quanto de índios em função dessa
política agrária desastrada. A organização destas colônias, por si só, isolou
os imigrantes. Outro fator do isolamento social foi a Constituição de
1824 que declarava o Catolicismo Romano como religião oficial do Império.
Assim, os colonos evangélicos eram proibidos de construir templos, embora não,
de realizar cultos. Um terceiro fator de isolamento foi estabelecerem-se
comunidades cristãs a partir de uma cultura de atendimento, ou seja, de pastores
enviados da Alemanha para atender exclusivamente os imigrantes.
As igrejas fundadas nesse
processo imigratório passaram a colaborar umas com as outras, formando-se
quatro sínodos luteranos no Brasil: o Sínodo Riograndense (1886), o Sínodo
Evangélico Luterano de Santa Catarina, Paraná e outros Estados (1905), o Sínodo
Evangélico de Santa Catarina (1911) e o Sínodo das Comunidades Evangélicas
Alemãs do Brasil Central (1912). Em 1949 estes sínodos formaram uma Federação
Sinodal e finalmente, no ano de 1962 esta adotou o nome de Igreja Evangélica de
Confissão Luterana no Brasil.
Olhando para esta história
também somos lembrados da nossa dívida evangelizadora com o país. As
circunstâncias históricas fizeram-nos desenvolver uma cultura de gueto,
formatando uma igreja com marcas culturais homogêneas, étnica definida. A
palavra “missão” não fez parte das nossas raízes, da nossa origem histórica;
não está em nosso “DNA comunitário”. Em vista disto a expressão “no Brasil” do
nome, lembra-nos de que somos igreja de Jesus Cristo neste país, para todas as
pessoas que aqui vivem. Eis um grande desafio a superar!
Alguns passos já foram dados,
mas há uma longa jornada a percorrer nesse horizonte missionário. Termino
citando o meu exemplo: sou pastor luterano no interior de Goiás. Como nossa
igreja chegou aqui? Através do fluxo migratório de sulistas que vieram em busca
de terras para desenvolver a agricultura. Nosso caso é sintomático. É esse
processo histórico que explica a presença da nossa igreja em todo Mato Grosso,
Amazônia e grande parte do Brasil Central. É chegada a hora de nós luteranos
plantarmos comunidades que sejam fruto de nossa intencionalidade missionária,
que sejam resposta de nossa IECLB ao chamado de Jesus Cristo para nós neste
país. Mãos a obra!
P. Daniel Schorn
Grupo
de trabalho para o Boletim Virtual de Formação Cristã
P.
Joel Schlemper – São José, SC
P.
Daniel Schorn – Chapadão do Céu, GO
P.
Dilmar Devantier – Palhoça, SC
Miss.
Airton Palm – Curitiba, PR
P.
Joelson Martins – São José, SC
P.
Leandro Ristow – Maravilha, SC
Miss.
Rodomar Ramlow – Pelotas, RS
P.
Sigolf Greuel – Florianópolis, SC
P.
Martin Weingaertner – Curitiba, PR
P.
Wilhelm Sell – Palhoça, SC
P.
Tiago Winkel – Presidente Getúlio, SC
Contato:
joelschlemper@gmail.com
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