19 de dez. de 2012

Edição especial de natal


O natal que devolve a vida


         O que realmente aconteceu naquele primeiro natal em Belém? Vejamos: O diabo e o pecado nos roubaram a Vida Eterna. Mas como Deus pôs no coração do ser humano o anseio pela eternidade (Eclesiastes 3.11), eles não conseguem extirpar de nossa alma o desejo pelas coisas eternas. Este anseio produz em nós uma inquietação que nos faz procurar em nós mesmos, em outras pessoas e nas coisas por algo que nos satisfaça e dê sentido à nossa vida. Mesmo sem o saber, buscamos o que mate a nossa sede por eternidade.

         Mas nenhuma pessoa e nenhum objeto nos satisfazem plenamente. É como se uma parede nos separasse da verdadeira vida, produzindo a sensação de que não nos encaixássemos neste mundo.  C. S. Lewis chamou gotas de graça aqueles rumores de transcendência que ele experimentava quando ouvia música, lia mitologia grega ou visitava uma catedral.  E ele concluiu: Se encontro em mim um desejo que nenhuma experiência deste mundo pode satisfazer, a explicação mais provável é a de que fui criado para outro mundo. 

         Para John Piper a tragédia do mundo é que o eco é confundido com o grito que o iniciou. Quando estamos de costas para a beleza fascinante de Deus, fazemos sombra na terra e nos apaixonamos por ela própria. Mas isto não nos satisfaz verdadeiramente. Os livros ou a música onde pensamos estar a beleza nos trairão, se confiarmos neles.  Pois eles não são a coisa em si, eles são somente o aroma de uma flor que não encontramos, o eco de um tom que ainda não ouvimos, notícias de um país que nunca visitamos

         Quando Jesus nasceu, este outro mundo eterno para o qual fomos criados nos visitou e irrompeu para dentro de nosso mundo finito: E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.  (João 1.14). Somente quando permitimos que Jesus – o Verbo Eterno – nos encontre em meio à nossa busca louca, nossos anseios pela eternidade são saciados. Somente ele transforma nossa vida e nos devolve a Vida Eterna. Como expressou Agostinho: Fizeste-nos para Ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em Ti.

P. Sigolf Greuel



12 de dez. de 2012

Edição 4 - Somos Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil


Somos Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil

Nesta edição do Luteranos em Movimento encerramos a reflexão sobre o significado de sermos Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Sendo assim, abordaremos a expressão “no Brasil” no nome da denominação.

Em primeiro lugar, ela revela nossa origem estrangeira. As primeiras comunidades luteranas foram fundadas no Brasil em 1824, em Nova Friburgo (RS) e São Leopoldo (RS), respectivamente. Diferente de outras denominações protestantes no Brasil, o surgimento destas comunidades luteranas não resultou do envio intencional de missionários para evangelizar os brasileiros. Antes, resultou do processo imigratório de europeus empobrecidos que vieram motivados pelas promessas de concessão de terras do governo brasileiro.

         Inicialmente a imigração foi vista como solução para a colonização e povoamento de extensos territórios vazios no Brasil imperial. Com a crescente necessidade de mão-de-obra para a lavoura cafeeira e a pressão internacional contra o tráfico negreiro, grandes levas de imigrantes também foram trazidos para trabalhar na agricultura.

Entre os imigrantes havia suíços, belgas e, principalmente, alemães. Muitos deles eram luteranos e alguns reformados. O governo brasileiro instalou-os em colônias, territórios ainda “não ocupados”, nos quais houve muitos conflitos com índios. Há inúmeros relatos de assassinatos tanto de colonos quanto de índios em função dessa política agrária desastrada. A organização destas colônias, por si só, isolou os imigrantes. Outro fator  do isolamento social foi a Constituição de 1824 que declarava o Catolicismo Romano como religião oficial do Império. Assim, os colonos evangélicos eram proibidos de construir templos, embora não, de realizar cultos. Um terceiro fator de isolamento foi estabelecerem-se comunidades cristãs a partir de uma cultura de atendimento, ou seja, de pastores enviados da Alemanha para atender exclusivamente os imigrantes.

As igrejas fundadas nesse processo imigratório passaram a colaborar umas com as outras, formando-se quatro sínodos luteranos no Brasil: o Sínodo Riograndense (1886), o Sínodo Evangélico Luterano de Santa Catarina, Paraná e outros Estados (1905), o Sínodo Evangélico de Santa Catarina (1911) e o Sínodo das Comunidades Evangélicas Alemãs do Brasil Central (1912). Em 1949 estes sínodos formaram uma Federação Sinodal e finalmente, no ano de 1962 esta adotou o nome de Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil.

Olhando para esta história também somos lembrados da nossa dívida evangelizadora com o país. As circunstâncias históricas fizeram-nos desenvolver uma cultura de gueto, formatando uma igreja com marcas culturais homogêneas, étnica definida. A palavra “missão” não fez parte das nossas raízes, da nossa origem histórica; não está em nosso “DNA comunitário”. Em vista disto a expressão “no Brasil” do nome, lembra-nos de que somos igreja de Jesus Cristo neste país, para todas as pessoas que aqui vivem. Eis um grande desafio a superar!

Alguns passos já foram dados, mas há uma longa jornada a percorrer nesse horizonte missionário. Termino citando o meu exemplo: sou pastor luterano no interior de Goiás. Como nossa igreja chegou aqui? Através do fluxo migratório de sulistas que vieram em busca de terras para desenvolver a agricultura. Nosso caso é sintomático. É esse processo histórico que explica a presença da nossa igreja em todo Mato Grosso, Amazônia e grande parte do Brasil Central. É chegada a hora de nós luteranos plantarmos comunidades que sejam fruto de nossa intencionalidade missionária, que sejam resposta de nossa IECLB ao chamado de Jesus Cristo para nós neste país. Mãos a obra!

P. Daniel Schorn


Grupo de trabalho para o Boletim Virtual de Formação Cristã
P. Joel Schlemper – São José, SC
P. Daniel Schorn – Chapadão do Céu, GO
P. Dilmar Devantier – Palhoça, SC
Miss. Airton Palm – Curitiba, PR
P. Joelson Martins – São José, SC
P. Leandro Ristow – Maravilha, SC
Miss. Rodomar Ramlow – Pelotas, RS
P. Sigolf Greuel – Florianópolis, SC
P. Martin Weingaertner – Curitiba, PR
P. Wilhelm Sell – Palhoça, SC
P. Tiago Winkel – Presidente Getúlio, SC